Entre os meses de abril e junho de 2024, foi realizada uma série de atividades na E.M. Rosa do Povo, na Taquara, Rio de Janeiro. As entituladas Oficinas de Educação Urbanística e Ambiental nasceram como desdobramento do projeto de pesquisa “MAPEAMENTO AFETIVO DOS TERRITÓRIOS EDUCATIVOS DO RIO DE JANEIRO”, desenvolvido pelos grupos Grupo Ambiente-Educação (GAE) e Sistema de Espaços Livres (SEL-RJ). O projeto envolveu um processo de escuta dos estudantes nas escolas do município, feito através de formulários onde os alunos expressaram por meio de desenhos e textos, suas percepções e desejos relacionados à cidade no percurso casa-escola.
Buscando aplicar o conceito de democratização dos conhecimentos de arquitetura e urbanismo, através da educação, defendido pelo CAU EDUCA (2022), as oficinas procuraram ampliar as discussões sobre a nossa cidade, integrando os conhecimentos de Arquitetura e Urbanismo, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os saberes empíricos dos estudantes. Nesse sentido, realizamos as oficinas com uma turma de 5º ano, cujos alunos participaram do Mapeamento Afetivo de 2022. Propusemos atividades que possibilitaram o contato das crianças com instrumentos e funções do profissional de arquitetura, estimulando-as a expressarem suas percepções, assim como suas ideias e desejos de melhorias para a cidade. O trabalho foi organizado em seis etapas, sendo elas distribuídas entre a apresentação, as oficinas e as devolutivas.
As oficinas foram divididas em quatro temas, desenvolvidos de forma progressiva nos encontros semanais realizados em sala, tendo as atividades aplicadas em grupos orientados pelos pesquisadores do GAE. Iniciamos trabalhando o conceito de escala no projeto arquitetônico e introduzindo as diferentes escalas trabalhadas, como uma preparação para os próximos dias de oficina. Partimos para o reconhecimento do território, explorando a percepção das crianças do território que estão inseridas e discutindo aspectos urbanos. Em seguida, abordamos as problemáticas do território, discutindo as questões urbanas no entorno escolar e elencando questões positivas e negativas do contexto. Os conteúdos foram abordados contando com o uso de materiais de apoio produzidos pelo GAE, incluindo mapas, jogos, maquetes, desenhos e o Caderninho de Educação Urbanística e Ambiental. Para a última oficina discutimos possíveis soluções para as problemáticas urbanas percebidas pelas crianças.
Concluímos o projeto com a Feira de Arquitetura e Urbanismo, expondo o trabalho realizado nas oficinas pelos alunos, e a promoção de debates com o corpo docente. Desse modo, a feira foi elaborada como uma forma de ampliar essas percepções e conhecimentos promovidos durante as oficinas. O evento contou com a participação das três turmas de 5º ano da escola. As atividades da feira foram divididas em quatro estações, visando explorar, através de abordagens e temáticas vinculadas ao patrimônio, espaços livres, arquitetura e paisagem sonora, os elementos que constroem a cidade e estimular um senso crítico em relação a esta. Estas foram: “Vida na Cidade”, “Se essa praça fosse nossa…”, “Caminhos Sonoros” e “Memórias do meu bairro”. Depois que os grupos realizavam as atividades da sua estação, eles compartilhavam com as demais equipes o que aprenderam. Esse conjunto de atividades destacou o papel da criança como indivíduos corresponsáveis que vivenciam, percebem e transformam a cidade. O envolvimento dos alunos ressaltou o valor da inclusão dessas discussões no estímulo de novas aprendizagens, percepções, coletividade e ampliação do repertório das crianças sobre o contexto urbano.